É inverno no inferno e nevam brasas. hahahahha


domingo, 14 de agosto de 2011

O encaixe (im)perfeito


Lendo A bela e a Fera de Clarice Lispector e uns textos de Caio Fernando Abreu me pergunto o que será isso que da aqui dentro da gente, que mexe e remexe com todos os sentimentos,emoções,batimentos cardíacos e que faz a gente sofrer? Sofrer esse que se transforma em uma necessidade de por tudo para fora de algum jeito,sofrer esse que parece tão lindo em palavras pra quem vê mas só a gente que sofre e sente pode perceber. Assim, continuo intrigada se essa aparição sua em minha vida, desse jeito, inicialmente manso, como quem nada quer e depois amoroso e esmagador é boa ou ruim. Penso sempre em todas essas pessoas que escrevem coisas tão profundas das quais eu me identifico...Teriam tido elas também um amor imenso como esse?E chego a conclusão que deviam ter sentido algo parecido com o que sinto, senão não escreveriam para, horas refugiar-se, horas emanarem essa felicidade de amor.A dúvida me cerca á todo instante, não sei se levanto as mãos pro céu e agradeço por ter acontecido comigo algo que talvez nunca tenha chegado no coração de tanta gente. Privilegiada ou condenada para sempre? Me surpreende mais ainda a forma como tudo isso acontece, ao mesmo tempo? Não sei, se não era recíproco você fingia muito bem. E é mesmo verdade que no meio de tanta chave e tanta porta você realmente encontre A chave certa que abre A porta certa,que tem o formato certo,o encaixe perfeito. Sorte? O problema é que enquanto existir a porta,existirá a chave, e somente essa a abrirá. Perder a chave não resolve, só piora a situação de uma porta que nunca mais será aberta para o mundo. Arrombar a porta também não resolve, fará da chave um objeto inútil, jamais serviria para nada a não ser abrir aquela porta,viveria jogada por aí, sem encaixe. Para talvez reverter esse quadro (quase) irreversível a mudança teria que partir de ambos: A porta e a chave. Então a chave se submeteria ao processo de ganhar um novo formato,novos dentes e, consequentemente,nova porta a ser aberta. A porta, por sua vez, ganharia uma nova fechadura e nova chave. E assim,nesse ciclo de fechar,abrir,perder a chave,mudar de apartamento,trocar a fechadura, quem sabe um dia ainda voltem a seus formatos originais e se reencontrem. A porta e a chave,condenados para sempre á distância pela discrepância do destino.

Um comentário:

  1. Deveria ter a opção "Excelente" pra gente marcar... Realmente sensacional, me identifiquei bastante. Vou ler seu blog constantemente a partir de hoje.
    Parabéns, Licão!

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